Constança Brito
Amanita muscaria
Por este mundo imenso passeiam milhares, até milhões, de criaturas que não sabem muito bem para onde vão. Estes seres alimentam-se do universo, engolem buracos negros até ficarem vazios e regurgitam galáxias sem reconhecerem a sua existência.
Apesar de tudo são criaturas simples, passeiam, dançam, formam família e volta meia riem. A sua diferença deve-se ao facto de terem sofrido mutações genéticas após a ingestão de substâncias alucinógenas aparentadas com cogumelos portobello.
Ainda que este incidente tenha ocorrido há bastantes gerações esta família não recuperou e até à mais jovem ninhada mantém o mesmo defeito congénito: a patafisiquice.
Este dito defeito, que de tão recorrente chega a ser feitio, levou a que esta família adquirisse um enorme apreço às máscaras- na vã tentativa de ocultar a sua diferença- e um inexplicável e peculiar gosto no que toca à escolha das suas indumentárias.
As particularidades patafísicas desta família em nada a diminuem e esta até adquiriu o gosto, dito normal, de documentar a sua patafisiquice- através de fotografias entenda-se- e de a usar na decoração dos seus lares.
Sejamos portanto tolerantes, como fomos ensinados a ser, com este gene patafísico que, devido ao enorme apetite sexual desta família- obviamente uma consequência nefasta da substância alucinógena ingerida há gerações atrás- se espera que venha a proliferar e talvez, quem sabe um dia dominar a terra.
Apela-se assim à tolerância dos demais e à sua sensibilidade para que possamos viver em harmonia com estes seres maravilhosos que só podem ser extraordinários pois nenhum ser banal altera os destinos de todas as gerações vindouras com um cogumelo.
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