Almanaque Ilustrado Conimbricense
Coimbra pulsa entre o Almegue e o Calhabé.
Compreender a cidade é decifrar o que a sua narrativa encerra – de sagrado e profano, de humano e maquinal. É acompanhar esses viveiros de gente que agitam um compasso rotineiro que marca a vida das ruas, dos atalhos, do que é trazido pela memória e daquilo que as necessidades pragmáticas vieram impor.
Passamos, então, para a representação possível, se é possível destrinçar um nó feito do espaço e do tempo, numa costura do avesso e que imprime uma cicatriz no corpo desta cidade sem metron e quase já sem philia. Do outro lado da objectiva, apreendemos a realidade e a aparência de realidade, ou o seu reverso – a Rainha Santa e o milagre ou a Aragonesa e o pão distribuído; a correnteza augusta das fachadas ou o chão igualitário da calçada; nos bairros populares, os atalhos à revelia do urbanismo, nas urbanizações de referência, os alcatroamentos imobiliários sem saída – e, na Visconde da Luz, numa manhã de chuva, surge-nos sous le pavé, la plage!
Às imagens juntámos as palavras que ajustam e acomodam a luz de uma paisagem que deixámos inundar de negro. E, assim, com palavras e imagens fomos enchendo este almanaque ilustrado, o qual, quiçá, será um dia impresso em papel de jornal, mas, por ora, se fica pelas oito pranchas em papel 90 gr que é mais barato.
Sem comentários:
Enviar um comentário